Como plantar bambu: Cultivo, manejo e colheita

Como plantar bambu: Cultivo, manejo e colheita

Já vimos no último texto da nossa série que os bambus são uma espécie de gramínea. Na botânica, a planta é classificada como Bambusae, um gênero da família Graminae (Proaceae). Todas as plantas que pertencem à subfamília Bambusoideae são chamadas de bambus. Nesse segundo texto, iremos explicar como plantar bambu. Mostrar como funciona o cultivo, manejo e colheita desse que faz parte de uma revolução na forma como vemos as construções.

Confira também:

O que é bambu? // O que é colmo de bambu // Tratamento de bambu

Assim como as árvores, os bambus são compostos por uma parte aérea e outra subterrânea. A parte aérea, que corresponde ao caule e tronco das árvores, é constítuida pelos colmos -normalmente ocos- e pelas folhagens. Já a parte subterrânea é formada pelas raízes e rizomas. O segundo, além de guardar os nutrientes necessários para o desenvolvimento da planta, também é o responsável pela propagação da moita de bambus pelo solo através de sua ramificação assexuada.

Entouceirantes ou alastrantes?

O rizoma pode se apresentar de duas formas, variando de acordo com o grupo de bambus que se está cultivando. Os grupos são divididos entre os entouceirantes e os alastrantes. No primeiro grupo a moita de bambu é facilmente delimitada, já no segundo, dificilmente se consegue definir sua extensão.

O grupo alastrante (que pode ser encontrado como leptomorfo ou monopodial) é composto por colmos que nascem espaçados entre si. Por esse motivo, eles acabam ocupando grandes áreas. As plantas desse grupo são resistentes a baixas temperaturas, apresentam rizomas cilíndricos e finos e folhas nas partes mais altas dos colmos. O brotamento dos colmos nesse grupo acontece no início das estações chuvosas.

Os rizomas do grupo alastrante, assim como os colmos, apresentam nós. Cada um desses nós gera uma gema dormente, com aproximadamente 10% de chances de gerar um novo colmo. Embaixo da terra, os rizomas crescem de um a seis metros anualmente. Nesse ritmo, eles são capazes que ocupar até 100 mil metros por hectare. Por isso é difícil, inclusive, apontar quais colmos pertencem a um mesmo complexo de rizomas.

Rizomas alastrantes

Já o segundo grupo, dos entouceirantes (que podem também serem encontrados como paquimorfos ou sympodiais) enquadra os bambus que nascem em moitas ou “touceiras”. É um grupo mais comum em climas predominantemente quentes e tropicais, com rizomas curtos, sólidos e grossos. Apresentam, ainda, internós assimétricos e raízes em sua parte inferior.

Nos rizomas desse grupo surgem diversas gemas laterais que, quando ativadas, podem dar origem a novos rizomas, que gerarão novos colmos. No entanto, a maior parte dessas gemas continuam inativas. Assim, a partir das gemas que são ativadas, ramificam lateralmente e a curtas distancias novos rizomas. Desses rizomas, novos colmos emergirão da terra. Neles, gemas se ativarão e o ciclo se repetirá.

Rizomas entouceirantes

Condições para plantio

Os bambus tem como característica seu bom desenvolvimento dentro de uma grande amplitude térmica. Eles se desenvolvem bem entre 8ºC e 36ºC. Por isso podem ser cultivados em diversas regiões do país ou até mesmo do planeta. Entretanto, o solo para seu plantio deve ser preferencialmente fértil, com pH entre 5 e 6,5 e índices pluviométricos médios próximos a 800 mm anuais. Seu crescimento pode ser afetado por temperaturas muito baixas, com exceção dos gêneros característicos desse clima. Além disso, solos muito úmidos, salinos ou com presença de lençois freáticos altos não são os ideais para o crescimento da planta.

Colheita do Bambu

A colheita dos colmos maduros deve ser feita anualmente. A primeira coisa a ser feita é a marcação dos novos colmos, o que servirá para identificar a idade das hastes nas colheitas futuras. Com os colmos marcados, deve-se fazer a limpeza da área onde será feita a colheita. Durante essa fase são retirados das moitas os bambus defeituosos, podres ou que já passaram de sua vida útil. A limpeza é importante para facilitar o manejo e para que os bambus que já não são úteis não atrapalhem o crescimento dos demais.

Após essas primeiras etapas, tudo está pronto para a colheita. Deve-se identificar, então, os colmos maduros, ou seja, já desenvolvidos o bastante para uso. Os colmos novos, ou imaturos, devem ser mantidos na moita para que amadureçam. Isso se deve ao fato de ainda não estarem com suas capacidades de resistência totalmente desenvolvidas e porque durante seu crescimento eles fornecem energia aos rizomas melhorando a produtividade da moita.

Na tabela abaixo encontramos como identificar a idade dos colmos e quais os procedimentos adequados a se seguir para cada uma das idades.

Se surgirem quaisquer dúvidas sobre o plantio, cultura e manejo de bambus entre em contato conosco e não deixe de acompanhar os próximos textos da nossa série!

Literatura relevante sobre o bambu

Building with Bamboo: A Handbook

Data da primeira publicação: 1988

Autor: Jules J. A. Janssen 

Bambu de corpo e alma

Data da primeira publicação: 2007

Autores: Antonio Beraldo e Marco Pereira

Bamboo: The gift of the gods

Data da primeira publicação: 2003

Autor: Oscar Hidalgo López

Links Úteis

Site do projeto Bambu – Projeto Bambu

Apuama: Bambu, madeira e biomateriais – Apuama

International Network for Bamboo and Rattan – INBAR

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